Eis uma pergunta fundamental que tem sido objeto de reflexão para os pensadores de todas as civilizações.
A seguir algumas propostas filosóficas para essa pergunta.
Para Platão e Aristóteles a verdade seria a “exata correspondência” de um enunciado com a realidade da coisa por ele proferida.
Para Aristóteles, na busca da verdade percorremos quatro degraus fundamentais:
Ignorância - estado de completa “ausência de conhecimento” do Sujeito em relação ao Objeto. Ignorar é desconhecer.
Dúvida - estado em que determinado conhecimento é tido como possível. Mas as razões para afirmar ou negar alguma coisa estão em equilíbrio.
Opinião - estado em que o Sujeito julga ter um conhecimento provável do Objeto. Afirma conhecer, mas com temor de se enganar.
Certeza - estado em que o Sujeito tem plena firmeza do seu conhecimento em relação ao Objeto. O conhecimento surge como algo evidente.
O conceito de “verdade como correspondência” ficou celebrizado pela definição de Santo Tomás de Aquino segundo o qual, “ a verdade é a adequação do pensamento à coisa real” (adequatio rerum et intellectus).
Mas embora considerada correta por várias correntes filosóficas, essa definição de verdade traz consigo grave inconveniente quanto à precisão.
Pois ela se baseia na adequação entre o “pensamento e a realidade”. Mas o que é a realidade?
Qual é a nossa percepção da realidade?
Apenas para se ter uma idéia das nossas limitações, vamos lembrar que a nossa visão é sensível a uma pequena faixa do amplo espectro de radiações eletromagnéticas, chamado de espectro visível (~390 a 700 nm).
Enquanto alguns insetos, como as abelhas, são capazes de “perceber” o ultravioleta. E algumas cobras conseguem “perceber” radiação na região do infravermelho.
Ou seja, se os nossos olhos fossem sensíveis para radiações com “frequências” maiores do que o ultravioleta e menores do que o infravermelho, a nossa “realidade visual” seria bem diferente.
E quanto à audição? O ouvido humano capta apenas as frequências na chamda “região audível”, ou seja, frequências em torno de 20 a 20.000 Hz, em média. Abaixo da freqüência mínima, ele é chamado de infra-som e acima da freqüência máxima, denomina-se ultrasom. Ambos os sons, ultrassom e infrassom, são inaudíveis para o ouvido humano. (Fonte: Som audível e inaudível)
No entanto alguns animais como os morcegos e os golfinho conseguem captar frequências na região do ultrassom. E os tigres e elefantes são sensíveis ao infrassom. (Fonte: Ultrassom e Infrassom)
E por isso, se a nossa audição fosse capaz de perceber ultrassons e infrassons a nossa “realidade sonora” seria bem diferente.
E quanto ao olfato? É bem conhecido que esse sentido é bem pouco desenvolvido nos humanos se comparado ao de outros animais.
E portanto podemos concluir, apenas considerando 3 dos nossos 5 sentidos, que a nosso nível de “percepção da realidade física” é muito limitado.
Isso sem considerarmos a hipótese de que existam em nós, seres humanos, outros sentidos que ainda estão em estágios “embrionários” de desenvolvimento. ;^)